A ciência contra o crime
Perícia do caso Isabella foi uma das mais detalhadas realizadas em São Paulo.
Especialistas elogiam os trabalhos.Por Cristina Christiano
Durante 22 dias ininterruptos, o Brasil praticamente parou para acompanhar atentamente o trabalho de um batalhão de peritos dos Institutos de Criminalística (IC) e Médico Legal (IML) de São Paulo em torno da morte da menina Isabella de Oliveira Nardoni.
De repente, todos viraram investigadores.
Cada pessoa criou uma tese sobre o que teria ocorrido no apartamento 62 do Edifício London, na Rua Santa Leocádia, 138, Vila Mazzei, na Zona Norte. Nesse endereço, na noite de 29 de março, a menina de apenas 5 anos foi arremessada de uma janela do sexto andar.
O pai e a madrasta da criança, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, principais suspeitos, dizem ser “totalmente inocentes”. Porém, com equipamentos de última geração, como cromatógrafo (que permite a análise de amostras peque-nas, de meio milímetro, ou de uma gota de sangue) e o reagente de sangue não visível (luminol), peritos tiveram certeza de que o casal estava presente no local do crime.
Riqueza de detalhes. Foi um dos trabalhos mais detalhados realizados pela polícia de São Paulo, talvez só comparável ao desenvolvido durante o acidente com o Airbus da TAM, em julho de 2007.
Mesmo assim, no caso Isabella, os pormenores foram tão minuciosos que deixaram a população surpresa com tanta tecnologia de ponta.
Foram pesquisas em cima de pesquisas, testes e mais testes, várias noites de sono perdido para se ter uma conclusão com base em provas contundentes contra o casal. Uma delas pôde ser obtida a partir de marcas deixadas pela tela de proteção da janela nos ombros da camiseta de Alexandre. Os peritos testaram várias posições até provarem que só com um peso nas mãos era possível conseguir tais marcas.“O que está sendo visto atualmente em São Paulo vem comprovar a importância da perícia no desfecho de um crime”, ressalta o diretor do Instituto Geral de Perícias do Rio Grande do Sul, Áureo Luiz Figueiredo Martins.Segundo Martins, com a tecnologia de hoje não se precisa mais de confissão para se condenar um suspeito.“Já existem equipamentos microscópicos capazes de permitir a análise até de microfibras de um tecido e de tudo o que está grudado nelas”, diz, referindo-se à descoberta de que na camiseta de Alexandre havia fiapos de náilon da tela.A rainha das provas“A prova técnica é algo irrefutável. É a rainha das provas, porque não muda de forma alguma. Já as testemunhas podem dar versões controversas durante o inquérito policial e o processo”, afirma o perito gaúcho. Para Martha de Souza, diretora do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, do Rio, os indícios da perícia paulista contra o casal são fortes e muito eficientes.“Eles (Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá) não têm como justificar o sangue da menina no carro. Além disso, o pai e a madrasta terão algum trabalho para explicar a razão de um criminoso se dar ao trabalho de usar uma toalha e uma fralda para limpar o rosto da criança”, conclui Martha.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
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