São Paulo, década de 60.
Vestido de terno, colete, chapéu de feltro, luvas de couro, lenço para cobrir o rosto, lanterna com luz vermelha e dois revólveres, um ladrão solitário aterrorizou as noites da capital paulistana.
Só atacava mansões.
Roubava e obrigava as vítimas a cozinharem de madrugada para ele.
Estuprava e, às vezes, assassinava.
Começou a ser chamado de "Bandido da Luz Vermelha", referência a um assaltante e homicida norte-americano que ficou conhecido mundialmente, Caryl Chessman, que tinha este apelido e foi executado na câmara de gás de San Quentin, Califórnia, por 17 acusações de estupros e seqüestros. Chessman agia sempre sob uma Lâmpada vermelha igual dos carros de polícia e sempre alegou ser inocente.
O Bandido da Luz Vermelha brasileiro agiu impunemente durante seis anos. A polícia de São Paulo só o identificou após recolher um fragmento de impressão digital no vidro da janela de uma mansão assaltada: João Acácio Pereira da Costa, 25 anos. Era fascinado pela cor vermelha.
Dizia que era "a cor do diabo". Cometeu oficialmente 88 delitos: 77 assaltos, dois homicídios, dois latrocínios e sete tentativas de morte.
Suspeita-se de que ele tenha estuprado mais de 100 mulheres.
As vítimas nunca deram queixa.
João Acácio Pereira da Costa, o "Bandido da Luz Vermelha", mantinha uma vida dupla. Nas folgas dos assaltos, era um pacato morador de um edifício na cidade de Santos, amável com os vizinhos. O apartamento era todo decorado de vermelho. Sempre viajava de ônibus de Santos para assaltar na capital paulista.
Gostava de imitar o jeito de se vestir e de cantar de Roberto Carlos, então no auge da Jovem Guarda, e usar ternos semelhantes aos Beatles.
Gastava o dinheiro dos roubos com mulheres e boates. Era apaixonado por filmes de faroeste: "Pistoleiros ao Entardecer", estrelado pelo ator inglês Randolph Scott, era o seu predileto.
Preso no Paraná, em 1967, foi condenado a 351 anos de prisão. Na cadeia, recebeu flores e bilhetes apaixonados de algumas de suas vítimas de estupro.
Em 1968,virou personagem do filme homônimo, do diretor Rogério Sganzerla. Cumpriu os 30 anos de prisão previstos na Constituição e foi libertado no final de 1997. Estava completamente desdentado ( tinha perdido 11 dentes) e sofrendo de sérios problemas psquiátricos.
"Luz Vermelha" foi assassinado com um tiro de espingarda quatro meses e cinco dias depois de ser solto, durante uma briga com um pescador na cidade de Joinville, Santa Catarina.
fonte: rede globo
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