No Porto de Santos, litoral de São Paulo, em 1928, o navio de passageiros Massilia é carregado quando um incidente revela vestígio de sangue em uma mala.
A polícia é chamada.
Quando o baú é aberto, é encontrado o corpo mutilado de uma mulher.
Em uma das investigações policiais mais sensacionais de todos os tempos, a vítima é identificada e o assassino preso em menos de 24 horas.
O assassinato macabro vira manchetes dos jornais do Brasil e do mundo e fica conhecido como o Crime da Mala.
O ponto de partida da investigação policial foi uma etiqueta que indicava o nome da pessoa e o local onde a mala deveria ser entregue.
O navio Massilia seguiu viagem para a França, mas antes faria uma parada no Rio de Janeiro.
A caminho da cidade do Rio de Janeiro, o comandante do navio identificou três passageiros romenos que tinham embarcado a mala.
Os policiais interrogam os suspeitos e concluem que eles eram inocentes.
O investigador Ferreira da Rosa, de São Paulo, resolve reexaminar a mala a procura de pistas. Ele descobre que o suspeito comprou uma passagem São Paulo-Santos de ida e volta, mas ainda não tinha retornado.
Na mesma noite, o investigador conta todos os detalhes do caso ao chefe do gabinete de investigações de São Paulo, Carvalho Franco, inclusive que o corpo da mulher tinha sido levado de São Paulo até Santos de trem.
No dia seguinte o Crime da Mala é capa de todos os jornais.
Através do jornal, o dono de uma loja reconhece a mala e a corda que vendera dias antes.
Ele procura a polícia junto com um funcionário.
O delegado foi levado até a casa de apartamentos no centro de São Paulo e conversou com os donos do apartamento onde o suspeito morava. A mala pertencia ao italiano Giuseppe Pistone, que é preso horas depois em uma pensão no centro de São Paulo.
A polícia investiga a versão que ele contou sobre o crime e descobre que Pistone estava mentindo. Pistone conheceu Maria Féa em 1926 numa viagem de navio para a Argentina. Ela tinha ido morar em Buenos Aires com a mãe e os irmãos que tinham se mudado da Itália para a Argentina.
Pistone morava há três anos na Argentina e tinha ido visitar a família na Itália. Pistone seguiu para a cidade de Mar Del Plata, onde, segundo informações da polícia, foi preso por estelionato. Contra a vontade da família, Pistone e Maria Féa se casaram em fevereiro de 1928, em Buenos Aires.
Quatro meses depois, Maria estava grávida de um mês e eles decidiram morar no Brasil. Em agosto de 1928, eles chegaram a São Paulo.
Giuseppe Pistone procura Francisco Pistone, um parente distante que tem um comércio de vinhos. Pistone inventou uma história de que teria uma herança para receber e para impressionar o parente pediu que ele guardasse 15 mil liras.
Sem desconfiar de nada, Francisco ofereceu um emprego para Pistone. De acordo com a polícia, Giuseppe Pistone pretendia aplicar um golpe em Francisco. Com o passar do tempo, Francisco começa a desconfiar da história da suposta herança.
Maria Féa escreveu uma carta para a sogra dizendo que descobriu muita coisa incorreta que o marido havia feito.
Inclusive que Giuseppe mentiu ao senhor Francisco Pistone, dizendo que a mãe iria mandar-lhe 150 mil liras. Pistone matou Maria Féa, que estava grávida de seis meses, na tarde de 4 de outubro, porque ela descobriu o golpe que ele iria dar.
No dia seguinte, Pistone resolveu esconder o corpo da mulher.
Ele foi até a uma loja e comprou uma mala, que é uma espécie de baú, e uma corda.
Ele encheu a mala com roupas da mulher e tentou encaixar o corpo, mas não conseguiu. Ele, então, cortou as pernas dela com uma navalha.
Depois ele jogou duas caixas de pó de arroz sobre o corpo da mulher para disfarçar o mau cheiro. Pistone foi condenado a 31 anos de prisão.
Ele cumpriu 16 anos na penitenciária do estado e no presídio agrícola de Taubaté.
Em 1944, ele saiu da cadeia com uma autorização do então presidente da república Getúlio Vargas.
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